sábado, 19 de setembro de 2009

Fel



Do copo de fel que me deste,
nada sobrou;
sorví até a última gota;
envenenada, fiz parte de teu martírio;
julguei-me por ele responsável.
Hoje sei que era tudo o que podias me ofertar,
a tua seiva amarga e destrutiva;
dor, peso, prisão...
Lá permanecí por anos,
cela aberta e eu não via.
Ainda tento sair e não posso,
contaminada pela droga,
sem forças, só observo;
oscilo, levanto e caio.
Agora...espero;
um antídoto
capaz de me salvar
e arrancar
meu corpo inerte
do cárcere frio.

Um comentário:

  1. Copo de fel... sorver até a última gota... mundo tão estranho este em que vivemos! Nunca pensei nessas metáforas, mas são perfeitamente cabíveis em minha alma! Se te dissesse que consigo sentir desse amargor que te escorre pela garganta, acreditarias em mim? O mesmo fel acaba permeando nossas gargantas, fazendo-nos sorver desse amargor sem igual... que ironia!
    Dias virão em que tudo isso se parecerá com páginas amarelecidas e puídas num tempo que se perdeu ao longo de sua espiral, e tudo se manterá em seu eixo divino, tudo, tenha certeza disso... com a benção do Deus Pai e da Deusa Mãe. Um beijo celta...

    ResponderExcluir