terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um fiapo




Um fiapo de luz sobrou,
é só o que liga
o passado ao que sou.

Quem fui...?
Uma solidão doída!

Tendo que encontrar algo...

Mergulhada num sopro de fracasso,
mesmo assim
permanecer em pé.

Sustentei, sem queixas
a dor do cristal
que se partiu.

Urinei estilhaços...
fiquei por longo tempo
a me repetir,
qual disco quebrado...
tocando o mesmo verso.

Infinitamente.

Mas assim estive,
a inspiração era amarga,
ácida.

E dela tirei meu alimento,
da sombra em que me encontrava
e não havia como sair.

Apelei para os deuses,
mas neles, não havia salvação;
ela estava aqui dentro,
e só corroía, o tempo todo.

Todo o tempo!

Hoje estou a beira
de um penhasco,
preparada para saltar,
alçar voo...
retroceder agora,
não posso.
Corro o risco
de prender-me a ilusões
que moram mortas
no cemitério das paixões.


Erin Lagus