domingo, 1 de agosto de 2010

Trilogia de Erin - III- A volta do Gamo Rei!



Desperta afinal o Gamo,
peregrino a vagar
pelas trevas.
Cruel pesadelo auto-imposto;
vassalo tornou-se de espectros cegos.

Embriagava-se ao sugar,
servindo banquetes à mercê de palavras,
em simbiose letal, inerte,
o seu sepulcro buscava.

E assim, jazia ele,
vítima de seu próprio martírio!
Lá, permaneceu largos anos,
esquálido flagelo,
da morte cativo.

Oculta, porém, nos escombros,
estava quem migalhas colhia ...
cuja existência marcada,
despertava piedade e simpatia.

Sorrateira, tornou-se alento,
para aquele que nada mais era,
amiga, envolvia-o na teia,
ao contentar-se com reles quimera.

Ardilosa, matreira, fingia idílio
e amizade sincera,
mas nas sombras comprava vida,
às custas de sortilégios.

Enfeitiçado e perdido,
não enxergava armadilha,
tramada a meia noite ,
na porta do cemitério.

Sacrifícios e sangue foram o preço
de tal macabra investida;
e de luto, o pobre sofria,
ciente que só caía, só caía!

Paciente, sua amada o esperava,
ingênua, nada sabia,
mas vítima dos malefícios,
só dormia, só dormia....

Até que, lúgubre grito,
despertou-a de sono profundo,
destroços tomavam lugar
do que antes era seu cultivo.

E foram dias de mágoa,
terror e dor infinita,
de quem conhecia o amor
lealdade e livre-arbítrio.

Com um punhal cravado no peito,
roga aos céus em feroz clamor,
acolhido de imediato
livrando o gamo de seu torpor.

Foi esse amor verdadeiro
a glória do Gamo Rei,
ainda tropeça, mas cria,
o próprio roteiro
que agora é só seu.


Erin Lagus

3 comentários:

  1. Sensacional!! continue colocando sua inspiração pra fora, que só nos ajuda a nos inspirar!
    bjss

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  2. Trilogia densa, pesada... gostaria de poder colocar em palavras coisas assim, recônditas e obscuramente sigilosas, secretas, silenciosas...
    Parabéns é pouco - estão maravilhosamente escritas e abertas!

    the Osmar

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  3. Realmente Inspirador!

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