quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Segredo


Névoa pura e nova chega,
qual brisa noturna, afaga...
sussurra mel,
apazigua dúvidas.

Penetra.
Intermitente orvalho
torna-se bálsamo que,
gota a gota
cura velhas cicatrizes.

Em seu colo morno
descanso a alma,
farta de penas.

Experimento seu gosto...
é de amoras frescas,
recém apanhadas no pé.
Tem a mania de acordar meus sorrisos,
esquecidos nas manchas do passado,
e com um toque imperceptível,
por ser manso,
revela verdes horizontes
e um negro dilema.

Mas, num enlevo atrevido
e inconsequente,
deixo-me ir,
como quando menina
ao correr na areia
para encontrar o mar.

Erin Lagus

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Anseio



Agora sou eu,
que habita nua,
vestida de fogo,
pela vida crua.
Ando,
caminhos tortos,
minados.
Certeza, não há!
Verdades, são vãs.
Vou, com a correnteza do agora,
pensar, não quero,
falar, não posso.

Anseio pelo toque, por delícias...
e divago, no encanto da lua.
Giro, tal qual pião,
no meio da rua,
cabeça vazia, ah!

Esqueço!
Largo, solto, salto pro nada.
Insana, pareço,
contraditória, tola...
desperto!

Então, vagueio...
coberta de negro, da cabeça aos pés,
escondo.
Cores de luto,
disfarço,
por fora, me enfeito,
por dentro, me encaro!

Erin Lagus