quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Rio



E que este rio carregue
toda amargura
e me leve,
para a outra margem,
com doçura.

Fluo, embalada
por ele e pela vida,
há silêncio e paz
na travessia.

Mesmo desconhecendo qual destino,
vou segura, deixando o passado no caminho,
abençoo cada pedra, por onde sigo,
solitária e certa
de ser este meu desígnio.

Já pedi ao vento
que varresse
todas as dores da memória, ainda viva,
mas preferi ao tempo, tal incumbência confiar,
receava que, em sua fúria,
o vento banisse os beijos
que comigo vou guardar.

Mas o tempo, corre quando não se quer
e custa a passar na urgência,
então, que leve, este rio,
minha tormenta,
deixando-me entregue
à outra margem,
que me espreita.


Erin Lagus

5 comentários:

  1. A sensação de ler seus poemas é de sentir uma brisa na pele...Adoro cada verso... A imagem está linda, dando mais beleza ao poema!

    Magnífico trabalho!

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  2. Realmente, você é uma poetisa. Parabéns!! Beijos!!

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  3. Quem dera eu, estar na outra margem, a tua espera!
    bj

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  4. O conteúdo deste teu blog possue uma magia literária impressionante que, ao mesmo tempo que encanta, também proporciona arrepios...
    Escrever que está lindo, maravilhoso, sensacional e etc. seria redundar em palavras; além de tudo, este espaço impõe respeito - um respeito que deve ser preservado e velado como uma arca de mistérios que não está ao alcance da compreensão mediana e comum, pois cada cabeça impõe sua própria sentença! 1 grande beijo deste teu sempre admirador incondicional e humilde "facilitador",

    the Osmar

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  5. Obrigada, Osmar, muito gentil teu comentário,sei que é sincero, caso não gostasse, ficaria calado.E volte sempre!
    Gostei do "facilitador"...
    beijo meu,
    Carmo

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