E que este rio carregue
toda amargura
e me leve,
para a outra margem,
com doçura.
Fluo, embalada
por ele e pela vida,
há silêncio e paz
na travessia.
Mesmo desconhecendo qual destino,
vou segura, deixando o passado no caminho,
abençoo cada pedra, por onde sigo,
solitária e certa
de ser este meu desígnio.
Já pedi ao vento
que varresse
todas as dores da memória, ainda viva,
mas preferi ao tempo, tal incumbência confiar,
receava que, em sua fúria,
o vento banisse os beijos
que comigo vou guardar.
Mas o tempo, corre quando não se quer
e custa a passar na urgência,
então, que leve, este rio,
minha tormenta,
deixando-me entregue
à outra margem,
que me espreita.
Erin Lagus